terça-feira, 29 de julho de 2025

 


                                                 

Quando eu nasci, as manhãs chegavam,

sem o estudo do mercado,

com as horas fermentadas

e sabor a feijão branco.

 

Quando eu nasci, a voz de minha mãe

subia a passo firme

pelas janelas

e o céu andava sempre pelos telhados.

 

 

Depois, chegaram os outros

e alguém se lembrou

de me dizer que a terra vacilava

e o sol nem se movia.

 

 

Foi então que eu, já tão morta de cansaço

e já tão desgovernada,

saí sozinha de casa

e caí na poesia.

 

 Maria da Fonte

1 comentário:

  1. E caiu muito bem, já que a sua poesia é muito boa e recomenda-se.
    Já há muito tempo que não nos "víamos". Gostei que me tivesse visitado há dias, pois só assim me fez lembrar que já fomos assíduos visitantes um do outro.
    Tenha uma ótima semana.
    Beijo.

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