A
liberdade, mãe, de que me falas
é
esta bola de creme
que
eu tirei da gaveta,
com
recheio e arestas
como
o grau de uma potência
ou
a fórmula secreta
de
qualquer equação.
Sou
livre de a comer,
que
me custou o cansaço
de
quatro lombas de estrada,
uma
escada em caracol,
três
palmos de sobressaltos
e
os cálculos do corrimão.
Imagina,
mãe, agora
que
há valores e variáveis
na
minha definição.
Quem
faça contas pelos dedos,
quem
saiba as contas de cor,
quem
pense que a liberdade
é
ter um bolo na mão.
Maria
da Fonte