sábado, 14 de dezembro de 2019

Ponte da Barca


Na minha terra há santos populares
e serras em correria
que fazem lembrar peregrinações.

Poetas em parágrafos suspensos,
negociadores do tempo a retalho
e pássaros a copular sem cálculos e retóricas.


Na minha terra, as mulheres galgam
a artilharia de palavras mais despachadas que setas,
agitam as vírgulas como cabos
e redobram as vigílias dos profetas.


Porque, na minha terra, há mulheres redondas
como punhos e homens
que aproveitam a vertigem
para dar formas concretas aos sonhos.

Maria da Fonte