quarta-feira, 18 de julho de 2018

Deixa-me morar fora das varandas



Não me empurres as palavras com os dedos,
nem me acordes com os olhos da tua rua.
Deixa-me morar fora das varandas
e ajeitar dentro de mim o coração.

Não te queiras refém das minhas mágoas,
nem te deixes adormecer nos meus medos.

E se alguém te disser que o tempo é certo
e que as horas cabem em qualquer segredo,
não acredites.

Tu sabes que as tardes têm formas

onde só, de vez em quando, nós cabemos.

Maria da Fonte