terça-feira, 29 de julho de 2025

 


                                                 

Quando eu nasci, as manhãs chegavam,

sem o estudo do mercado,

com as horas fermentadas

e sabor a feijão branco.

 

Quando eu nasci, a voz de minha mãe

subia a passo firme

pelas janelas

e o céu andava sempre pelos telhados.

 

 

Depois, chegaram os outros

e alguém se lembrou

de me dizer que a terra vacilava

e o sol nem se movia.

 

 

Foi então que eu, já tão morta de cansaço

e já tão desgovernada,

saí sozinha de casa

e caí na poesia.

 

 Maria da Fonte

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