Quando eu nasci, as manhãs chegavam,
sem o estudo do mercado,
com as horas fermentadas
e sabor a feijão branco.
Quando eu nasci, a voz de minha mãe
subia a passo firme
pelas janelas
e o céu andava sempre pelos telhados.
Depois, chegaram os outros
e alguém se lembrou
de me dizer que a terra vacilava
e o sol nem se movia.
Foi então que eu, já tão morta de cansaço
e já tão desgovernada,
saí sozinha de casa
e caí na poesia.
Maria da Fonte
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