quarta-feira, 9 de outubro de 2024



Não me cobrem

mais nada.

Perdi os dias para o negócio,

agora deixem-me ver

como se move uma andorinha

no ar.

 

Doravante,

deixem-me ser o ponto mal costurado,

o suspiro amarrotado na lombada,

a palavra despenhada

e o avesso da frase

por saldar.

 

Não precisam

de me falar da jornada

nem de me amparar o gesto retalhado,

basta que me deixem

subir degrau a degrau

a vertigem do sonho

sem lugar.

 

 Maria da Fonte


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