terça-feira, 8 de agosto de 2017
Agora as palavras demoram nos dedos
Agora
o disfarce foge-me do rosto,
esfuma-se a máscara com que me adiava.
Fica-me a lua
esquecida nos olhos
a deixar ver as frinchas desatadas.
Agora
ando só pelo avesso das coisas
na urgência secreta de sair da parede.
Fica-me a ausência
do retrato nas mãos
e o medo obsceno a tocar-me ao de leve.
Agora
as palavras demoram nos dedos
e na ondulação longa dos sentidos.
Fica-me o outono
preso nos cabelos
e as folhas secas a almofadar os trilhos.
Maria da Fonte
Imagem da internet
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