domingo, 15 de junho de 2025

 



Todas as tardes,

de sapatos gastos,

 descia a ladeira

a buzinar ao vento.

 

E agachada

nas curvas de um gato,

atirava as pernas

e trepava o tempo.

 

 

Nos ramos rijos

de arcos de caça,

 desenhava as horas

e esticava a mão.

 

 

Dizia-as maduras

como ampulhetas

ou tambor de férias,

sem cair ao chão.

 

 

Minha mãe ouvia

e simulava a queda

enquanto estendia

a colher da sopa.

 

 

Eu balbuciava

palavras sem margens

que as horas cabiam…

 

E abria a boca.



Maria da Fonte

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