
Uma noite sem portas, sem janelas,
Erguida de silêncio e pouco mais;
Entre as fendas das coisas pequenas
E as fragas viscosas do cais.
O gemido sufocante de um rio,
Uma lua desgrenhada no leito,
A leveza de um corpo esguio
Sobre o sopro de um dia desfeito.
E ao cimo das nuvens, estrelas,
Nem sempre tocáveis do chão.
Uns já nasceram sem braços,
Outro não estendem a mão.
Maria da Fonte
Imagem retirada da Internet