quarta-feira, 13 de junho de 2018

Tac tac tac tac




nas costas da minha mão.
Não é relógio de pulso
nem  bater de coração.
É a máquina, é a linha,
é a voz do meu patrão.

Tac tac tac tac
mais à frente , mais atrás.
Os olhos como faúlhas,
cose que cose, rapaz.

 Tac tac tac tac
já tenho as pernas cansadas.
 Os moldes ficam tão alto,
subo e desço escadas.

Tac tac tac tac
feito um moinho de vento.
Faz-me poeira dos dedos
e nuvem do pensamento.

Tac tac tac tac
abaixo do coração,
onde cabia escondido
mais um pedaço de pão.


Tac tac tac tac
podia ser uma bola
e a baliza esta máquina
que me cose a camisola.

Tac tac tac tac
Tac tac tac tac
Tac tac tac tac
vai batendo sempre, sempre,
como o sol que aqui nasce 
e morre no ocidente.

Maria da Fonte

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