quarta-feira, 28 de agosto de 2024

 

Quis,

antes de partir,

 que a tela despisse

todo o seu cansaço

e desse um novo rumo

ao rosto despenhado.

 

Alargou as lágrimas

com um traço largo,

pôs árvores

nas margens e,

 

sem nenhum recado,

levantou o vento,

disse adeus aos netos

e desceu de barco

para qualquer lado.


 Maria da Fonte

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

 


Quando a erva daninha me povoa

o pensamento, eu, por ter a folha em branco

e por me querer a cultivar poemas de riso

escancarado,

carrego as minhas inseguranças até ao gesticular

do meu antigo

professor.

 

Depois, fixo o olhar no tal ecossistema.

Procuro os recursos naturais,

como quem colhe as palavras

mais redondas

e segue o roteiro dos sonhos

no regresso à vida.

 

Vejo, então, a utilidade da planta

no deambular do seu indicador.


Maria da Fonte

quarta-feira, 14 de agosto de 2024






 

O teu horizonte era uma mesa a médio prazo

onde sempre te sobrava coração.

Mas a ternura anoiteceu

nos teus lábios,

e as palavras

 definharam ao redor

das tuas asas.


Deixou de haver lugar na tua aragem.


Talvez o teu ângulo do olhar

te tenha abreviado a amplidão.

Maria da Fonte