quarta-feira, 30 de junho de 2021

 


Deixe-me aqui, doutor, na tarde morna,

presa ao gesto atordoado dos meus dedos

e ao som do abraço repetido.

 

Devagar o dia é mais nítido.

Ontem foi primavera.

Hoje, doutor, deixe-me assim

nesta varanda sem fôlego,

a segurar o olhar que então perdi.


Maria da Fonte

sexta-feira, 18 de junho de 2021


 

Se eu não couber nos teus olhos,

poderá não ser urgente.

 

Há tantos gatos de rua,

de olhos rasgados pelo vento,

a ronronar  como barcos,

e um mar à minha frente.

 

Maria da Fonte