quinta-feira, 22 de junho de 2017
Demoras-te
eternamente nos meus dedos
e eu morro
mais devagar nos que eram teus.
Quando a dor
é um lugar sem dimensão,
não há limite traçado para o adeus.
Maria da Fonte
quarta-feira, 14 de junho de 2017
Pássaros seguros
Talvez tu saibas que as minhas mãos são muros,
que os muros trazem com eles a essência do abismo.
São grandes os dedos entre trincheiras
e de pedras as palavras que procuro.
Vergam-se, por certo, as fachadas.
O céu cabe inteiro nos telhados,
as janelas são pássaros seguros.
Maria Da Fonte
Imagem retirada da internet
domingo, 4 de junho de 2017
Entrega-se um coração
ao domicílio,
redondo e sem sinais de arritmia.
A bater num compasso
repetido,
entre camadas, em grande acrobacia.
Desce ao fundo do dia
já mais perto,
sobe ao cimo da noite mais além.
Cabe inteiro nas mãos
de quem o quer,
sem resvalar no templo de ninguém.
Maria da Fonte
quinta-feira, 1 de junho de 2017
No fundo das jarras
Este rio, que me chega de gargalo aberto,
fez-me gume de mártir em pés de argila.
Há de levar-me um recado de espera
em poemas de vidro.
E então, quando a água do cais me vaguear nos olhos,
eu serei a imensidão das margens no fundo das jarras.
Maria da Fonte
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