domingo, 7 de maio de 2017
Outras mãos te forjaram, minha mãe
Para te devolver o busto que me deste,
fiz-me escultor uma vida.
Dobrei segredos, soldei palavras ditas,
moldei histórias em relevo parcial.
Dar-te forma vertical e pés de âmbar,
entre o abstrato e as linhas definidas.
Misturei técnicas, figuras, materiais.
Quis-te Pietà, versão mais atual.
Mas uma só distração, um filamento,
fundiu-se o bronze, vergaste ponta a ponta.
Restam-me as palavras de vidro que te dei,
trancou-se a porta que me levava ao teu rosto.
Outras mãos te forjaram, minha mãe.
Maria da Fonte
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