
Eras feliz quando o arroz caía do céu
e as mãos de Deus talhavam relâmpagos
no interior da terra.
No dia em que as nuvens desceram,
e tu alteaste tacões para espreitar
o lado mais secreto do pensamento,
avistaste searas.
Se sobrepusesses as linhas da mão em cordilheira,
depressa chegavas ao Olimpo.
Deus havia de andar por perto,
e tu agradecias, como bom discípulo, o teu sustento.
(tinhas tantas manhãs dentro de ti,
e no teu peito cabiam histórias pacientes)
Deus viajou, dizem os outros.
E atiram-te palavras como grãos.
O tempo gastou-te os dentes.
Maria da Fonte
Imagem retirada da internet