
No meu bairro
há uma rua sem saída
onde as palavras
fazem sempre ricochete.
Nas portas,
pintam formas esbatidas.
Nas janelas,
moldam memórias de gente.
O mundo do meu bairro
é só de fora,
desprende-se airosamente
dos sentidos.
E o tempo vai vertendo
hora a hora
sobre a pele dos meus dedos
ressequidos.
Se morro, no meu bairro,
ninguém vê,
porque tudo, no meu bairro,
faz sentido.
O mundo do meu bairro
é bem maior,
e o tempo do meu bairro,
mais comprido.
Maria da Fonte
Imagem da internet