
Não te vás, Esperança.
Eu tenho medo
das horas que me pulsam
devagar,
da solidão gelada
dos abismos,
dos fantasmas que me prendem
o olhar.
Se me encolho no silêncio,
não te vás.
É tão longa a noite sem luar!
E entre a sombra do meu corpo
e o meu corpo
cabe a lenda
da bruma das manhãs.
Deixa que a terra cresça
em meu olhar,
ainda que o céu das aves
fique longe,
o declive do solo
me acobarde
e a mão vá chegando
sem chegar.
Maria da Fonte