
Jesus, que moldura
se esconde em teu olhar?
Que céu cinzelado
tu seguras?
Em que folha te traço?
que rasuras?
E em que parte
me deixo ali ficar?
Não me peças
um lado, arrefeço.
E a linha que tu és
gela-me o chão.
Faz-me crer, Jesus,
na folha em branco,
sem as margens
que percorro com a mão.
E se o céu que tu levas
é inteiro,
o teu rosto não pode
ser metade .
Diz-me, Jesus,
do chão que tu pisaste.
De que traços se fez?
De que vontade?
Não sei, Jesus! Não sei!
Nasce outra vez,
em parte alguma,
talvez em toda a parte.
Diz-me que és linha
inteira que se fez
em folha branca, Jesus.
Quero guardar-te.
Maria da Fonte
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