quinta-feira, 6 de junho de 2013

Travessia



Subo e desço a montanha
Pelos trilhos do incerto.
No topo fico tamanha,
Só no sopé eu desperto.

Neste subir e descer
A encosta irregular,
Vejo e deixo de ver
Os trilhos que hei de pisar.

Cerro os olhos, pouso a mão
Nos ombros largos do céu.
Resvalo, caio no chão,
Tudo o que tinha partiu.

Grito, maldigo o destino
E a montanha orbicular.
Deixou-me chegar ao cimo
Para depois me empurrar.

Agora no chão tão frio,
Espero que chegue Caronte,
Não para passar o rio,
Mas para subir ao monte.

Maria da Fonte



8 comentários:

  1. Essas travessias, tal como a vida, são sempre um sobe e desce...empurram-nos mas temos forças para subir outra vez.

    Beijinho

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  2. Encantado com a magia dos seus versos, deixo-lhe um poema inspirado no seu. É um varano. Bjs, poetisa.

    SUBIDAS E DESCIDAS

    Não há subida,
    Cuja descida
    Não peça um freio!
    Fica o receio
    ... De não parar!

    Assim, ao monte,
    Lá do horizonte,
    Pedimos sorte,
    Para que a morte
    ... Não possa entrar!

    Idas e vindas,
    Longas... Infindas...
    Lá vamos nós,
    Juntos ou sós
    ... A versejar!

    Tantos os rumos...
    Poucos os prumos...
    Que a natureza,
    Em sua beleza,
    ... Possa imperar!

    Que nesse encanto,
    Não haja pranto,
    Mas, a magia
    Que a poesia
    ... Faz-nos sonhar!

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  3. E é nessas alturas "menores" que surgem poemas assim, melancolicamente belos.

    Beijinhos grandes Maria Fonte,

    Fim de semana repleto de poesia,

    Jessica Neves *

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  4. Olá Maria da Fonte, magnífico poema! Vamos tentar que o caminho seja sempre a subir, sem percalços. Não desistir nunca de acreditar. Um beijinho. Ailime

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  5. A procura tem destas coisas, o cair e o levantar...
    Muito bem, Né!

    Abraço

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  6. Desde que haja poesia, que importa a queda...é só "sacudir a poeira e dar volta por cima"...diz uma sábia canção!

    Beijo

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  7. Adorei as tuas quadras. Até quando caíste no chão...
    Querida amiga, tem um bom resto de semana.
    Beijo.

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