À noite,
escorrem-me pelas paredes
pensamentos carregados de pelo,
orelhas pontiagudas
e finas membranas entre os dedos.
ombro a ombro comigo,
quando nem o coração
enche o meu quarto vazio.
Maria da Fonte
Não importa à liberdade
o peso da tua roupa,
a tempestade da voz,
ou o olhar visceral.
Que a liberdade não traz
os números de uma balança,
nem o veludo das formas,
nem lâminas luminosas,
nem ouvidos de metal.
Maria Da Fonte
Monumento à Liberdade, de Jorge Vieira
Para a velhice,
fiz os pássaros mais rasos.
Sou quase nuvem,
e há quem diga por aí que agora
só preciso de erguer uma gaiola.