Na minha terra há santos populares
e serras em correria
que fazem lembrar peregrinações.
Poetas em parágrafos suspensos,
negociadores do tempo a retalho
e pássaros a copular sem cálculos e retóricas. 
Na minha terra, as mulheres galgam
a artilharia de palavras mais despachadas que setas,
agitam as vírgulas como cabos
e redobram as vigílias dos profetas. 
Porque, na minha terra, há mulheres redondas 
como punhos e homens
que aproveitam a vertigem 
para dar formas concretas aos sonhos.
