Despejas um gemido na mesa.
Quantas manhãs cabem nos teus olhos?
Procuras nas mãos o rascunho do mundo,
os teus dedos trémulos peregrinam vertiginosamente a cartilha.
Arrancas da garganta lápis,
mas, por temeres rasuras,
aportas nos dentes medos.
Podias ser uma ilha.
Deixas cair os braços na direção da morte
E nem um traço.
As ruas arrastam-te com outros ao sol-posto,
e tu não saltas com medo de perder o equilíbrio das horas.
Depois de tudo, é sempre
inverno no teu rosto.
Maria da Fonte
Imagem: «FADESTINO»
Rosa Maria Duarte