
O vento sopra em surdina,
Numa serenata errante,
O choro de uma menina
Ao ver partir um Gigante.
De olhar tão triste, cansado,
Surgiu deitada no leito,
Com o vestido molhado,
Com uma chaga no peito.
Um corpo jovem, esguio,
Dois seios, torres fatais,
Deitada ao longo do rio
Entre as pontes, os beirais.
E vendo além a cadeia
Onde encarcerar a dor,
Alimentava essa ideia
De morrer ali de amor.
Mas ao banhar-se no estio,
Foi esquecendo a dor ardente,
Ou porque fosse do rio,
Ou porque fosse da gente.
Hoje é princesa do Lima,
Legado, foro distante.
Alguns lhe chamam menina,
Outros segredam amante.
Maria da Fonte