Todas as tardes,
de sapatos
gastos,
descia a ladeira
a buzinar ao
vento.
E agachada
nas curvas de
um gato,
atirava as
pernas
e trepava o
tempo.
Nos ramos rijos
de arcos de
caça,
desenhava as horas
e esticava a
mão.
Dizia-as
maduras
como ampulhetas
ou tambor de
férias,
sem cair ao
chão.
Minha mãe ouvia
e simulava a
queda
enquanto estendia
a colher da
sopa.
Eu balbuciava
palavras sem margens
que as horas
cabiam…
E abria a boca.
Maria da Fonte