terça-feira, 30 de agosto de 2016

Enquanto espero por ti



Vieste tarde, eu esperava ao frio
sem sobretudo. Não vás embora,
não vás, fica tão grande o meu mundo.

Não digas que está calor nem
que não há nenhum vento. Garanto
que tenho frio. Repara, vê-me por dentro.

Ele passou, eu senti. Raspou-me
rente ao ouvido. Era uma seta, bem sei.
O resto tenho esquecido.


Não vás embora, não vás, nem grites
tanto assim.Tenho medo desta nuvem
que se estende atrás de mim.

Diz ao sol que não morra, faz um sorriso
no chão. Do resto, eu não me lembro,
se tantos anos já vão.

Finge que tens no teu ventre a lua
lá hospedada e deixa-me adormecer
nos teus braços enrolada.

E se o teu calor cobrir o meu corpo
nos teus braços, eu posso então partir.
Não chores os estilhaços.

Maria da Fonte