quinta-feira, 2 de abril de 2015

Contornos


Entoas cantos
de um deus desarrumado.
Vais embalando
na solidão das horas.
E o céu remexe os dias que te habitam
como quem entra na casa onde moras.

A noite dorme secreta
nos teus passos.
A lua ao fundo,
suspensa na altura,
vai devolvendo à sombra do teu rasto
o mistério nas formas que procuras.

E onde o mundo acaba,
o céu começa.
Nada te prende ao chão
que tu seguras.
O circuito das coisas recomeça
entre o teu rosto e o espelho onde figuras.

Maria da Fonte
Imagem da Internet