quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Coisas do quotidiano



O dia fechou a porta simplesmente no trinco, a noite entrou e delineou nas paredes os contornos indefinidos da vida. Ao fundo os sonhos encapelados deixavam tocar as estrelas e fecundar a lua.
Só a névoa leitosa começava a trepar mansamente a encosta e os dias iam-se afogando paulatinamente.
No lusco-fusco da casa, ouvia-se a voz soluçante e áspera do destino.
Desejou arduamente elevar-se no espaço, fugir para além do cenário opressivo das imensas cordilheiras de silêncio que a cercavam, subir ao topo mais alto da vida e sentir
o ar cristalino e cortante da sorte.

Maria da Fonte