sexta-feira, 29 de novembro de 2019

E pelo olhar de viés Que me lançou de repente, Julguei-o, mais uma vez, Agarrado a uma corrente.  Um terço , tinha a certeza, E a oração no começo. Ele, com toda a franqueza, “Um terço, ficou um terço”.  Já no segundo mistério, Dizia-lhe eu entretanto. Ele pesaroso e sério, “Não sei como encolheu tanto”.  E gritava, metia dó. “Se não voltar a crescer, Eu posso então morrer E que vire tudo pó

Pensei por breves instantes
ser um velho em oração,
em prantos pouco elegantes
no patamar do portão.


E pelo olhar de viés
que me lançou de repente,
julguei-o, mais uma vez,
agarrado a uma corrente.

Um terço , tinha a certeza,
e a oração no começo.
Ele, com toda a franqueza,
“Um terço, ficou um terço”.

Já no segundo mistério,
dizia-lhe eu entretanto.
Ele pesaroso e sério,
“Não sei como encolheu tanto”.




Velho Triste No Portão da Eternidade,Vincent Van Gogh
Maria da Fonte


domingo, 3 de novembro de 2019

Meu amor

Nesta noite, meu amor,
nem as palavras em brasa
chegarão.
Quero as chamas
a rasar os dedos,
os olhos a trepar faúlhas,
como montanhas a galgar o chão.

Nesta noite, meu amor,
faz-te frondoso
na labareda arisca onde me rendo.


Se isto for morte, meu amor,
não me repreendas.

Se isto for morte, meu amor,
eu não me emendo.