domingo, 8 de janeiro de 2017

Manda-me outro lado da vida


Na terra dos outros,
calçam-nos sapatos alcatroados,
recortam-nos horas pelas costuras,
ajustam-nos tamanhos corriqueiros.

Uma casa de pedra, uma mesa redonda,
um chá que nos espera.

Se pela janela o infinito traz forma de tudo,
correm-se as cortinas.

A vida há de caber num fio de terra.

E, ainda que num abraço demorado,
treina-se o bolero.

Na terra dos outros,
Se eu fosse só eu, morria de desespero.

Maria da Fonte
Kumi Yamashita, as luzes e as sombras

5 comentários:

  1. Lindo poetar!
    "...Na terra dos outros/ Se fosse só eu, morria de desespero..." Amei!
    Abraços apertados!

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  2. Basta abrires a janela para te recolheres na profundidade do sentir.
    Belo, Maria da Fonte!

    Beijinho.

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  3. Oh MARIA DA FONTE por onde andas, querida amiga?
    Na terra dos outros donde não te deixam saír?
    Como Maria da Fonte que és, abre todos os postigos e frestas para dares o teu grito até que o alcatroado se abra.
    Belíssimo poema, como já se espera!
    Abraço cheio de saudades!

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  4. "A terra dos outros" é sempre chão de areia movediça.
    Precisamos de cautela, pisar com jeito.ao invés de sombra acendemos a luz. Beijinho

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