terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Colem pedaço a pedaço


Visto palavra
a palavra,
vou mudando de estação.
Gasto a distância
das coisas
só com um lápis na mão.

Salpico nuvens
no céu,
ponho chuva
sobretudo.
Se houver água que me lave,
a vida cola-se a tudo.

Na mão
seguro estrelas,
deixo afogar
o olhar
e sigo pelas entrelinhas
sem pressa de me lavar.

Mas, na deriva
dos ventos,
a vida,
como um pião,
vai rodopiando à toa
e depois cai-me no chão.


Colem pedaço a pedaço,
como convirá,
decerto.
Não me lavei,
é verdade,
mas olhem que fiquei perto.

Maria da Fonte
Imagem da Internet

4 comentários:

  1. Muito bom, Maria.
    (Por onde tem andado?)

    Um Feliz 2016! :)

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  2. Belo poema, gostei muito de passear pelas tuas letras.

    Bom fim de semana

    Beijo

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  3. Voltei a passar, pois o poema bem merece outra atenção, de tão profundo e belo na sua aparente simplicidade.
    Isto é tecer a vida, é o que é.

    Um beijinho, Maria da Fonte :)

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  4. A Verdade Em Poesia, está a tentar visitar a todos os seus seguidores,
    para deixar abraço amigo e agradecer por termos ficado juntos mais um ano,
    desejar também que este ano lhe traga muitas alegrias, e grandes vitórias.
    Atenciosamente. António.
    PS. tive de seguir outra vez porque estava sem foto, ou sem endereço.

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