quinta-feira, 13 de agosto de 2015

No meu bairro


No meu bairro
há uma rua sem saída
onde as palavras
fazem sempre ricochete.
Nas portas,
pintam formas esbatidas.
Nas janelas,
moldam memórias de gente.

O mundo do meu bairro
é só de fora,
desprende-se airosamente
dos sentidos.
E o tempo vai vertendo
hora a hora
sobre a pele dos meus dedos
ressequidos.

Se morro, no meu bairro,
ninguém vê,
porque tudo, no meu bairro,
faz sentido.
O mundo do meu bairro
é bem maior,
e o tempo do meu bairro,
mais comprido.

Maria da Fonte
Imagem da internet