sábado, 21 de fevereiro de 2015

Havemos de morrer mais adiante




Se a noite cai nos corpos seminus,
a lua ergue-se em nós como um pilar.


E num misto de feitiço, eu e tu
subimos entre a noite e o luar.


A bruma desce, rega em nós o prado,
e outro céu mais alto se levanta.


Neste avançar um barco se anuncia.
Há horizonte num mar que se agiganta.

Seguimos obstinados a maresia,
fechados na moldura do instante.


Brindamos cada onda até ser dia.
Havemos de morrer…. mais adiante.

Maria da Fonte
Imagem retirada da internet


3 comentários:

  1. «Seguimos obstinados a maresia,
    fechados na moldura do instante.»

    (Bonito, isto!)

    ResponderEliminar
  2. Se as ondas não forem alterosas (o brinde também não o será) mas a morte... quem pode pensar nela numa união assim?
    Belíssimo poema

    ResponderEliminar