domingo, 18 de janeiro de 2015


Desce devagar
a sombra do poema.
Não te quedes nas ondas geladas
do meu corpo,
onde não há senão
a impressão temporária do meu nome.

Senta-te demoradamente
em cada verso
e deixa-te esperar
pelo sacudir das madrugadas.
Talvez as palavras
se rasguem nessa espera
e tu possas colher
no olhar as linhas do teu rosto.

Não chames o meu nome
em parte alguma.
Entre o vacilar das letras,
adormeço.
Recolhe-as transparentes,
uma a uma.
Dá-lhes a alma,
um nome, um endereço.

Maria da Fonte
Destino': A Salvador Dali and Walt Disney

1 comentário:

  1. Farei como me pedes
    E omitirei teu nome
    Recolhidas as letras
    uma a uma
    deixei-lhes por a alma
    a minha
    por nome Liberdade
    e por endereço
    a minha cidade

    Cedo as palavras se irão propagar
    e não restará cidade alguma por libertar

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