terça-feira, 19 de agosto de 2014

Jesus



Jesus, que moldura
se esconde em teu olhar?
Que céu cinzelado
tu seguras?

Em que folha te traço?
que rasuras?
E em que parte
me deixo ali ficar?

Não me peças
um lado, arrefeço.
E a linha que tu és
gela-me o chão.

Faz-me crer, Jesus,
na folha em branco,
sem as margens
que percorro com a mão.

E se o céu que tu levas
é inteiro,
o teu rosto não pode
ser metade .

Diz-me, Jesus,
do chão que tu pisaste.
De que traços se fez?
De que vontade?

Não sei, Jesus! Não sei!
Nasce outra vez,
em parte alguma,
talvez em toda a parte.

Diz-me que és linha
inteira que se fez
em folha branca, Jesus.
Quero guardar-te.

Maria da Fonte
Imagem da internet

domingo, 10 de agosto de 2014

«E assim como o mundo se chama mundo, porque é imundo, e a morte se chama Parca, porque a ninguém perdoa, assim a nossa terra se pode chamar Lusitânia, porque a ninguém deixa luzir» Padre António Vieira


2 políticos devassos,
4 palavras de cor,
3 homens e 6 braços.
Regue q.b. com suor.

Um horizonte farpado,
Uma travessa de prata.
O mesmo sistema usado
No timbre do diplomata.

Repita as interjeições
As vezes que entender.
Um grama de eleições,
O resto do tempo a arder.

Junte um pedaço de mim,
Recorte-me a emoção.
Dissolva tudo assim,
Tal outra rebelião.

Bata tudo outra vez,
Agora muita mais gente.
Talvez consiga, talvez,
Um passado no presente.

Depois, do cimo do pódio,
Espreite o calor do fogão.
Quando já ferver o ódio,
O pitéu vira carvão.

Um balde, água bem fria.
Comece tudo de novo.
Invente, tenha ousadia.
Quem faz o povo, é o povo.

Maria da Fonte