segunda-feira, 26 de maio de 2014

Saudade


É a ti que eu vejo
no eco do que penso,
a tua voz terna
fende o espelho fosco.
E como se em mim
se deitasse o dia,
durmo, embriagada,
à sombra do teu rosto.

E quando tu chegas,
as brechas da morte
são covis do tempo
onde enterro o medo.
E é na noite cheia
de imenso deserto,
ainda que pareça ferir
meu sossego,
que eu te vejo o rosto,
que eu te sinto perto.

Mas se for em vão
a minha deriva
e as pernas cederem
ao peso da história,
diz-me que este amor
não cabe na vida,
Que há mapas de sonhos
maiores que a memória.


Maria da Fonte
Imagem da internet