quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Coisas do quotidiano



O dia fechou a porta simplesmente no trinco, a noite entrou e delineou nas paredes os contornos indefinidos da vida. Ao fundo os sonhos encapelados deixavam tocar as estrelas e fecundar a lua.
Só a névoa leitosa começava a trepar mansamente a encosta e os dias iam-se afogando paulatinamente.
No lusco-fusco da casa, ouvia-se a voz soluçante e áspera do destino.
Desejou arduamente elevar-se no espaço, fugir para além do cenário opressivo das imensas cordilheiras de silêncio que a cercavam, subir ao topo mais alto da vida e sentir
o ar cristalino e cortante da sorte.

Maria da Fonte

4 comentários:

  1. Boa tarde Maria, mais um poema magnífico na forma e conteúdo que se lê com a respiração quase suspensa, mas em que se sente "o ar cristalino" a invadir a sua alma linda. Um beijinho. Ailime

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  2. Lindo Maria,são pequenas coisas que acontecem no dia a dia,mas que nos levam
    ao mais alto topo da vida.

    bjs amiga
    Carmen Lúcia-mamymilu.blogspot.com

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  3. São as coisas pequenas que nos enchem assim...

    Excelente!

    Beijo
    Sónia

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  4. O teu poema é belo pela intensidade emocional que ele contém.

    Todavia, algumas de tuas metáforas mereceriam uma moldura: O dia fechou a porta simplesmente no trinco... é uma delas.

    Bom fim de semana, abraços.

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