sábado, 18 de maio de 2013

Ovelha perdida



Pedi a Deus, trouxe-me,
dispersos, laivos de luz, pedaços
de esperança. Um vendaval, eu ainda criança;
uma chuva intensa, os sonhos imersos.
Chamei por Deus, já longe de mim.
Sentei-me à mesa, quis-me confessar.
Ele calado, eu a protestar. Nada mudou.
Não soube ao que vim.
Bati a porta do céu e saí. Caí nas nuvens,
só depois no chão. Deus não me empurrou,
eu juro que não,
fui eu que, zangada, a porta bati.
Entrei na cidade, uma nuvem de pó. As casas sem blush,
as ruas sem luz; os olhos no chão,
os rostos na cruz. Deus longe de mim,
eu ali tão só.

Procurei-o em tudo, em nada o vi. Sentei-me no chão,
à espera, a olhar,
mas ele não veio, eu fiquei ali.
Talvez o encontre quando me encontrar.

Né Fonte
Imagem retirada da internet


13 comentários:

  1. Abandona a procura da ausência
    Quanto a encontrares-te apetece, como sempre me acontece, citar Saramago quando o fazia editado homilias: “A busca do Outro talvez seja o caminho pelo qual cada um de nós consegue chegar a si próprio. Para aproximarmo-nos àquilo que somos temos de passar pelo Outro.”

    Mas um (belo) poema para desassossegar a alma, e isso é tão preciso...

    ResponderEliminar
  2. Muito bom, Né!
    Para ler e refletir.

    Beijinho

    ResponderEliminar
  3. A geometria do mundo é tão complexa que, na maior parte das vezes, não vislumbramos o verdadeiro padrão. Essa é uma luta constante, uma luta do ousar da humanidade.
    Gostei, gosto sempre. As palavras, por aqui, têm um fio condutor tecido em sinceras procuras.

    Beijo :)

    ResponderEliminar
  4. Talvez seja precisamente pelo que disseste que eu sou agnóstico...
    Mais um excelente poema.
    Tu já nem fazes por menos...
    Um beijo minha querida amiga Né.

    ResponderEliminar
  5. Pela minha longa ausência, antes fui me inteirar das outras páginas poéticas, as passadas mas que estão presentes, para a gente apreciar.
    Nesta, Ovelha Perdida, está tudo bem claro...precisamos, primeiro, nos encontrar. Não "adianta" chamar Deus. O "processo", é de dentro pra fora. Aí então, o "milagre" se dá! Seu lúcido poema, é para pura reflexão. Obrigada.

    Um beijo, Né,
    da Lúcia

    ResponderEliminar
  6. Certamente, quando te encontrares, encontrarás Deus! Gostei muito do texto. Meu beijo.

    ResponderEliminar
  7. Lindo Né..."Talvez o encontre quando me encontrar".

    Por vezes somos essas Ovelhas Perdidas :))

    Beijo

    ResponderEliminar
  8. "Talvez o encontre quando me encontrar."

    A busca pelo que TEM DE HAVER em nós ou tudo se queda sem sentido sentido.

    Um beijo

    ResponderEliminar
  9. Maravilhoso poema, Maria. Só a intenção de buscar a Deus já é um lindo sinal de que Ele está presente na sua vida. Ele manifesta-se de formas muitas subtis. Estejamos atentos aos Seus sinais. Um beijinho. Ailime

    ResponderEliminar
  10. Olá , passei pela net encontrei o seu blog e o achei muito bom,
    li algumas coisas folhe-ei algumas postagens,
    gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns,
    quando encontro bons blogs sempre fico mais um pouco meu nome é: António Batalha.
    Deixo-lhe a minha bênção.
    E que haja muita felicidade e saúde em sua vida e em toda a sua casa.
    PS. Se desejar seguir o meu blog,Peregrino E Servo, fique á vontade, eu vou retribuir.

    ResponderEliminar
  11. Reli o teu poema com o mesmo interesse da primeira vez. Porque as tuas palavras encantam.
    Querida amiga Né, tem uma boa semana.
    Beijo.

    ResponderEliminar
  12. Olá, vim retribuir a sua amável visita lá aO Berço do Mundo e já encontrei por aqui alguns amigos em comum.
    Já me registei, voltarei mais vezes a "visitá-la".
    Um abraço
    Ruthia d'O Berço do Mundo

    ResponderEliminar