sábado, 27 de abril de 2013

O bê-á-bá da cozinha






Ligue atempadamente o dicionário,
Uma vida, nada mais.
Leve a lume brando cada conotação,
Uma textura suave.

Não se apresse nos condimentos,
Estude o mercado.
Os biológicos? Talvez…


Coloque tudo numa folha de papel.
Misture bem,
há de sentir o palpitar da massa.


Deixe levedar na gaveta,
Tem de triplicar o volume.
Depois, só depois, leve ao forno.


Dê os últimos retoques.
Em dias de festa, a receita sai pior.
Bata meia dúzia de metáforas
em castelo e
cubra as impurezas.


Agora sim, pode servir.
Os convidados são como as castanhas,
trazem sempre verão.

Maria da Fonte

5 comentários:

  1. Com um sorriso também parto daqui, depois de ler e me encantar com este poema.
    Ser poeta é escrever assim com alma e conseguir tocar o coração de quem lê.
    Um abraço
    Maria

    ResponderEliminar
  2. Minha querida proxima convidada que tanto nos honras com a tua talentosa poesia! És um encanto diferente detantos .Eis a tua belezaTão bom saborear estes condimentos Né!
    Beijinho grande

    ResponderEliminar
  3. Ótimo!! Guardarei essa receita de poesia!

    ResponderEliminar
  4. Fantástica receita, Maria da Fonte. Acertou em cheio num pormaior: em dia de festa, quando queremos tudo perfeito, é certo que vai sair menos bem. Ou o bolo abate, ou a tarte não fica com a consistência desejada. Mas o que pode um simples artesão das palavras fazer? A sorte também entra na receita!!
    Gostei muito.
    Beijinho e um doce domingo
    Ruthia d'O Berço do Mundo

    ResponderEliminar