quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Mundo em branco



Ontem saí por aí de saltos altos,
lábios rasgados num sorriso inteiro,
corpo liberto de algemas,
coração a mendigar um abraço franco.



Cruzei multidões espargidas em corpos disponíveis,
ruas seduzidas de vícios,
bares entupidos de beijos,
copos empilhados de delírios,
lábios manietados à excentricidade do sorvo,
olhares parados,
braços ressequidos de afetos,
desejos mascarados,
corpos em ruínas.

Um mundo disponível,
onde eu chegava e tudo me chegava.
Um mundo em branco, ilegível,
onde o meu abraço franco se apagava.

Maria da Fonte
Imagem retirada da internet


3 comentários:

  1. Amiga, excelente poema!
    E o mundo está assim tão cheio de "tudo" mas vazio do essencial.
    Um beijinho.
    Ailime

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  2. Olá amiga, um mundo de tanto, tão magoado e onde a sua alma não se encaixa. Ás vezes para se ser feliz, basta um pequeno nada, mas visto aos olhos de alguém. Pena que hajam tantos "cegos". Adorei o seu poema. Beijos com carinho

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  3. Por vezes precisa-se de tão pouco...e um abraço sabe tão bem.
    E aqueles abraços que fazem os ossos estalar?
    Gostei.
    Beijinhos
    Irene

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