terça-feira, 8 de novembro de 2011

Natividade




















Que a minha hora seja a mais pequena!
Já não suporto mais a dor chegada.
Não a do corpo, que essa é serena,
Mas a da sorte, que já vem traçada.

Vem até mim, meu Anjo Salvador.
Traz-me a esperança para o deitar.
Leva de volta a mortalha da dor.
Ainda é menino. Deixa-o descansar.

Não vás embora. Preciso de ti.
Não tenho roupa, só calor humano.
Deixa-o comigo, para sempre, aqui.
Não mo devolvas ao colo tirano.

Que culpa tem do que não viveu?
Por que razão vai ele a julgamento?
Guarda-o contigo. Prefiro ir eu.
Julgai-me a mim, pelo seu nascimento!

Pintura: Paula Rego
Texto: Maria da Fonte

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